No G20, Lula diz que problemas da América Latina não serão resolvidos com o uso da força

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (22) que as crises políticas e econômicas da América Latina e do Caribe não serão soluci...

No G20, Lula diz que problemas da América Latina não serão resolvidos com o uso da força
No G20, Lula diz que problemas da América Latina não serão resolvidos com o uso da força (Foto: Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (22) que as crises políticas e econômicas da América Latina e do Caribe não serão solucionadas com o uso da força. A declaração foi feita durante a primeira sessão da cúpula de líderes do G20, na África do Sul. A fala pode ser vista como um recado aos Estados Unidos, em meio às tensões com a Venezuela. Desde agosto, navios de guerra e aeronaves norte-americanas fazem uma operação militar no Caribe, que já resultou em mais de 20 ataques a lanchas que supostamente levavam drogas. “Os históricos problemas sociais e econômicos da América Latina e do Caribe não serão solucionados mediante a ameaça de uso da força”, disse. “Sem atender às demandas dos países em desenvolvimento não será possível restabelecer o equilíbrio global, nem assegurar prosperidade que seja sustentável no longo prazo. A desigualdade extrema representa um risco sistêmico para todas as economias”, continuou. Lula também alertou que conflitos como os da Ucrânia e de Gaza têm “impactos significativos sobre a segurança energética e alimentar” e pediu o fortalecimento do papel do G20 como espaço de coordenação internacional. Desigualdade O discurso de Lula teve como foco o combate à desigualdade e a defesa da cooperação global. O presidente também reforçou o papel dos países em desenvolvimento no debate sobre a governança mundial. Lula lembrou que participou da primeira cúpula do G20, em 2008, convocada pelo então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e criticou as respostas adotadas desde então para as crises globais. Segundo ele, as políticas de austeridade “aprofundaram desigualdades e ampliaram tensões”. “O protecionismo e o unilateralismo ressurgem como respostas fáceis e falaciosas para a complexidade da realidade atual”, afirmou. O presidente propôs que a desigualdade seja tratada como uma “emergência global” e anunciou apoio à criação de um painel independente sobre o tema, nos moldes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). A iniciativa foi proposta pela África do Sul. “Está na hora de redesenhar regras e instituições que sustentam assimetrias”, disse Lula, ressaltando que a extrema desigualdade representa “um risco sistêmico para todas as economias”. Ele destacou ainda que mais da metade da população mundial vive em países que gastam mais com o pagamento da dívida do que com saúde ou educação, o que chamou de “eticamente inaceitável e economicamente insustentável”. Lula também cobrou mais recursos para o cumprimento da Agenda 2030 da ONU e criticou o desequilíbrio no fluxo de capitais globais. O presidente ainda alertou que conflitos como os da Ucrânia e de Gaza têm “impactos significativos sobre a segurança energética e alimentar”, e pediu o fortalecimento do papel do G20 como fórum de coordenação internacional. Encerrando o discurso, Lula fez referência à luta contra o apartheid na África do Sul e citou Nelson Mandela como símbolo de reconciliação. “Nenhum país tem condição de prosperar em isolamento. As soluções que buscamos estão ao redor desta mesa”, afirmou.